quinta-feira, 28 de março de 2013

O conquistador - vencedor


na alvura do traje inocente e virginal
derrama-se o sangue da terra ferida
invadida por ilustres marginais
cobiçosos de riquezas e das jazidas
de esmeraldas, rubis e ametistas
que repousavam nos braços de ouro
nos templos sagrados dos incas.

o europeu, estrangeiro do norte
traz a morte na boca dos cães
que estraçalham com dentes de pedra
os nativos - seus filhos , suas mães
desejosos do tesouro escondido
dos íncolas e dos povos irmãos -
vence o conquistador , rei cristão.







sábado, 23 de março de 2013

Forças telúricas...


Poesia,
a jubilosa, a exploradora, arqueóloga da mente e das emoções (sentires). busca o desconhecido, o outro, que veste com trajes dinásticos, armaduras de guerra ou farrapos. este outro vive a esperar sua mão mágica, emanações das forças telúricas, para se erguer, mostrar-se , se desvelar. ela, compassiva e radiante, aceita a missão. edifica em notas melódicas , harmônicas ou em zigue-zagues retorcidos uma ode magistral. se entrega ao desconhecido e estrutura em versos evocativos [na oscilação metafórica-metonimica] os andaimes que sustentam sua construção (o poema). assim vai parindo – nascem os sentires [sentimentos e sensações] disfarçados em pensamentos.






Esfinges ...



no lugar em que me encontro
existem vidas murmurantes,
andanças do ontem e do hoje.

o ar se mistura com o cheiro das nuvens
a lua perdida busca o meu olhar–guia
a noite se despede, acena –me o luar

amanhece, neste estranho lugar...

aves me saúdam com seu voo magistral,
as borboletas dançam um colorido carnaval
minha´alma as quer seguir, abre as asas e vai...

eu ali sozinha, busco a razão disso tudo
no silencio que envolve aquele lugar,
onde sinto as vidas [de todos] em mim.

como eu, buscam percorrer mistérios
os enigmas impossíveis , acarinhar esfinges
que estão , neste silêncio , a nos devorar.





segunda-feira, 18 de março de 2013

[ estelar ]


noite escura, perfumada
com o cheiro da terra
a chuva já se despediu
deixou-lhe o olor...

noite com cabeleira esvoaçante de estrelas
a lua crescente, enfeita –lhe as madeixas
com seu brilho de luz e esplendor...

deitado na relva murmura à estrela amada
que pisca –lhe a cada sopro , responde
que lá na galáxia distante, espera
pelo seu ‘toque sensual’, sussurrante.

é quando seu coração ‘stelar‘ explode
de prazer, por este ‘olhar’ sedutor
espa(e)cial ... cativante.

e, na noite escura , perfumada
irrompe terna e cadente
sua estrela brilhante,
sua deusa adorada...

adormece na relva fresca,
no gozo do chamego estelar
de sua musa... da madrugada.






Conspirador...


Os dias estão mais curtos,
a luz e o calor morrem
no crepúsculo... [temporal].

Mas, o poeta
não teme escuridão alguma
conspira com a luz.

Soprador de palavras-lume,
decifrador de mistérios e
forjador de começos luminosos.

O abismo negro é derrotado
pelo bravo bardo ,que [imortal]
renasce, é brilho, é chama.

Ser atemporal
o herói sublime,invencível
da tragédia humana...





terça-feira, 12 de março de 2013

Um simples cantar...


Foram-se mil promessas
Bordadas no teu olhar,
Juras a ser confessas
Sonhos a se ameigar.

Chora minha lembrança,
Do tempo que fui feliz.
Foge a esperança
Suplicio que tudo diz.

Negou-me toda sorte,
Roubando meu coração
Ferindo minha vida.

Vou superar a morte,
Reviver nesta canção
Nós, imagem infinda.







quinta-feira, 7 de março de 2013

[dias desfiados em mil vidas]


tem dias que adormeço dentro de mim
o silêncio harpeja a respiração
acalma e acaricia, minh´alma
momentos ondulares, quietos

de doce imaginação...

nestes dias os ruídos são serenos
como num jardim ao entardecer
onde há uma explosão de vida
e, muitas mortes acontecem

sem ninguém perceber...

o cheiro intimo das árvores
o cochichar suave das flores
os insetos em plena guerra
os pássaros a ciscarem o chão

sementes beijando a terra...

o rumorejar das águas do lago
as aranhas que suas teias tecem
é a crueza de um mundo, invisível
um êxtase intenso de vidas

que orgásticas me adormecem...