uivava,
como um lobo cinzento, aguerrido
olhos
vermelhos focavam olhos amarelecidos
[os
olhos dos lobos são da cor do mel]
o
homem uivava para sentir a vida.
sentia
a dor que nascia das palavras
as
palavras que contavam sobre si mesmo
[o homem é um ser crédulo, inventa sobre si
mesmo]
precisa acreditar nas histórias que inventa.
diz-se
‘humano’, superior, diferente dos outros
animais
porque
domina as palavras, cria seu “saber”
[sua
riqueza e sua desgraça.]
mas,
as histórias contam o que não é
mostram
só as sombras do homem
[ a verdade
está sempre oculta nas palavras]
a
linguagem verbal não supera outras linguagens
o
olhar, a lágrima, o gesto, o movimento corporal... – a essência
os
lobos ‘vivem’ os momentos , não sabem do futuro
que
as palavras apontam para os homens, morte
o
homem, então, encarna o lobo
uiva para sentir.
depois
se entrega às palavras , que inventa
para “ florear” os momentos que lhes escapam
velozes,
pelo vão dos pensamentos.
e,
sem saber apreender [o presente] nem sentir o momento
uiva
como o lobo [ a vida efêmera que lhe escapa]
vira
lembrança, vira desejo – é palavra contada
um
(in)vento que fixa os momentos, transformados em histórias
vento
vazio, vento frio - esta angústia
de “saber”
que acaba
ficam
as palavras
um
falso uivo
de
si.
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