segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Quem sente?


amor, sublime amor!
calor intenso, luz maravilhosa
que nutre o universo d´alma...

destino de estrela!

O universo se expande
as galáxias se afastam
as estrelas se acendem , se apagam

quem sente?

estrelas não são eternas
são sóis que nascem, queimam
e morrem... 

o céu escurece à noite
porque as estrelas se afastam
magas... nebulosas

nenhuma ampulheta controla
o brilho e o calor das estrelas
seu tempo é a sua duração
sua vida...

quem sente?

assim o amor se comporta
[eterno enquanto dure]
repete o destino das estrelas

volatiza no tempo
às distancias não apreendidas
ausências mascaradas

quem sente?






quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O espírito do tempo

desliza o momento feliz
no abismo do ‘não mais’,
se anuncia o momento feliz
no desejo do ‘ainda não’...

queria abraçar o momento,
segurá-lo nas mãos, mas ele foge
por entre seus  dedos

desaparece...

o momento, jamais será uma posse
[como tudo na vida ]

o momento não se entrega
ninguém pode retê-lo, se desvanece
em cada passo do buscar possuir - a flor
a paisagem, as emoções, os sentimentos
as coisas, os sonhos, o amor
os pensamentos...

depende do momento [para tudo]
precisa tanto dele, o quer seu
mas, não pode possuí-lo
resta-lhe apenas, repousar
à sua sombra...

[ momento, o espírito do tempo ]






domingo, 20 de outubro de 2013

O uivo...


 uivava, como um lobo cinzento, aguerrido
olhos vermelhos focavam olhos amarelecidos
[os olhos dos lobos são da cor do mel]
o homem uivava para sentir a vida.

sentia a  dor que nascia das palavras
as palavras que contavam sobre si mesmo
 [o homem é um ser crédulo, inventa sobre si mesmo]
 precisa acreditar nas histórias que inventa.

diz-se ‘humano’, superior,  diferente dos outros animais
porque domina as palavras, cria seu “saber”
[sua riqueza e sua desgraça.]

mas, as histórias contam o que não é
mostram só as sombras do homem
[ a verdade está sempre oculta nas palavras]
a linguagem verbal não supera outras linguagens
o olhar, a lágrima, o gesto, o movimento corporal... – a essência

os lobos ‘vivem’ os momentos , não sabem do futuro
que as palavras apontam para os homens, morte
o homem, então,  encarna o lobo
 uiva para sentir.

depois se entrega às palavras , que inventa
 para “ florear” os momentos que lhes escapam
velozes,  pelo vão dos pensamentos.
e, sem saber apreender [o presente] nem sentir o momento
uiva como o lobo [ a vida efêmera que lhe escapa]
vira lembrança, vira desejo – é palavra contada
um (in)vento que fixa os momentos, transformados em histórias
vento vazio, vento frio -  esta angústia
de “saber” que acaba

ficam as palavras
um falso uivo
de si.















Alquimia do existir...

afunda em águas mansas, profundas
abismos atraem-na , moldam
seus desejos, suas escolhas...

emerge, alça  voo,  busca as alturas
respira nuvens, lá está seu olhar
escolhe mergulhar...

o abismo espera, fogo interior
queima sem ferir, transforma
sussurra o (com)sentir...

descalça,  na nudez do pensar
caminha devagar na areia do tempo
segue em frente, pés no chão...

é o colapso, hora de existir , realizar
a possibilidade toma forma, o sonho
se desfaz na fusão dos elementos.

a probabilidade nasce, prevalece
na construto da imaginação, encarna
é hora de ouvir, de ver, de sentir...

hora de viver [sendo] , é devir...