quinta-feira, 26 de março de 2015

Alquimia de pulsões

 
há em mim tantos seres ( in) diferentes 
que espantados com esta multiplicidade 
buscam respostas vãs, nas “aparências”
que brotam das circunstâncias, que
se perfazem e se desfazem 
em momentos... efemeridades
(como quimeras ou sereias )
fantasias fugazes...
 
e, sem saber o porquê destas mutações
as minhas faces colhem vidas 
no labirinto do intelecto
espelho e reflexo 
deste estranhamento.
 
‘eu’ inteiro, entranhado
quebra em mil pedaços
mosaico de invisibilidades
[ ideias, emoções, vontades
desejos, sonhos
imaginação ]
 
sentimentos e pensamentos
dos seres , sem fim 
que me habitam
 
postos e opostos
(contraditórios) 
se amam , se odeiam
ambiguidades  
ubíquas em mim...
 
e, sem onisciência 
mergulho no onírico
que regulador da minha sanidade
doa sentidos e significados 
a tudo isso que me envolve
( vida , alquimia de pulsões)
 
... e, assim 
recompõe todas as faces 
deste enigmático ‘existir 
que em explosões , contínuas 
cria, salva e controla, surpreende
até o inesperado
extinguir...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Passagem



num surto de nascimentos
recentra todos descentros
frutos da aventura vivida
nesta dimensão... perdida!

aquela necessidade, forte
num rumo torcido, sem norte
por jornadas sem precisão
forjadas pela doce ilusão.

tantos caminhos se traçam
neste andar de caminhante
por acasos...(in)consciência!?

o espaço e o tempo passam
devorando este ser errante
no banquete desta existência.

Da natureza ao artista... o desespero do olhar

 
 Olhar no horizonte 
O por do sol sobre o mar
O céu pintado de ouro e sangue
Doando beleza e prazer
Sem nada exigir ou cobrar...
 
Olhar a neve caindo
Toda terra coberta de branco
Impressionista... lembra pureza
Presente precioso, lindo 
Da mãe generosa... a natureza !
 
Olhar os gigantes carvalhos
Os vales e as montanhas
Os rios , oceanos e mares
O vento e a chuva caindo
A incessante beleza ...fluindo.
 
Olhar o dia... ar puro
A noite bela, cheirosa
Os desertos e os oásis
As estepes, as florestas
As geleiras guardando as águas.
 
Olhar o colorido das flores
O perfume exalando nos jardins
As abelhas produzindo o mel
Os pássaros semeando a terra
Gratuidade, vida, jorrando . .
 
Mas, há mais...
 
Olhar , também, à ingratidão  
Ao progresso selvagem
À destruição do meio ambiente
Ao mutante porvir, monstro
Devorador do equilibrio natural.
 
Olhar o homem, o artista
Criador e criatura (de barro) 
O aprendiz de feiticeiro
Que nada controla, insano
Obreiro de extincões
 
 
Olhai ! Olhai!