quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Suspensa no(en)canto dos luzeiros


Os luzeiros de Vênus
deusa do amor piscavam
enamorados das estrelas
a lua nova cúmplice espiava
as luminosidades que me traziam
teu toque de calor distante.

Dizes que amas as palavras
e beijas o perfume do vento,
que aspiras nos suspiros
dos cabelos molhados do céu
em pranto... com o raiar do dia.

E, esta chuva torrencial
é a paixão desmedida que lava
do coração todo desencanto.

E os luzeiros de Vênus
abraçados às estrelas trazem
para mim o reflexo do teu canto
na velocidade amorosa da luz
que embala minh´alma na poesia
nascida deste teu sonante encanto.





segunda-feira, 27 de agosto de 2012

[a momentaneidade da poesia]


Busco e preciso, às vezes,
de me sentir inteira
um ser único... singular.
Uma contingência,
um ser preci(o)so intuitivo
potência criativa a-moral.

Deixar de ser ‘gente’, um geral
coisa pública sem privacidade.
Aquele ‘algo humano’ necessário
cultural e moral... um ‘real’
imperativo amontoado de ninguéns.

Por sorte, às vezes, irrompe em mim
aqueles momentos privados
onde sou ainda eu própria.
E naqueles instantes do querer,
não permito que me roubem
a decisão da minha possibilidade.

É só minha esta responsabilidade
e deste desejar brota toda a poesia.



domingo, 26 de agosto de 2012

Um domingo...


Na tarde do domingo aconchegante
o mais solitário dos dias da semana
o descanso não se confirmou
um tempo mau passou e desembestou
em presságios de tempestades.

Houve alvoroços na alvorada
um bando de passaradas assustadas
sufocadas esfomeadas cruzaram a fronteira
entre a lógica da cegueira da humanidade
e os conformes das autoridades
que queimavam o ouro negro
poluindo o ambiente e o oriente.

A natureza acuada espantada
estragou o domingo do descanso.

Entre chuvas e trovoadas do inverno
nevascas,terremotos e tsunamis
gentes dimanando em disparada
(entre fogos, frio e indiferença)
para o céu ou para o inferno.

Não surgiu o sossego do domingo
que se soube no mito da queda
onde o homem é prova e provado
um resíduo de existência criada
que ‘passa’ sem prover o acordado.

O descanso não se confirmou,
de um domingo de tranquilidade
sem velórios e sem tempestades.





sexta-feira, 24 de agosto de 2012

As flores azuis do linho


Gostaria de cantar o amor
e as nuvens onde repousamos
nossos corações amantes
inquietos felizes e extasiados
cobertos com a as flores do linho
azuis suaves e diáfanas como
as asas das libélulas que voam
para longe do vazio da escuridão
despojada da divina luz dos afetos.

Mas, quando me perdi de nós
No desencontro dos destinos
as nuvens partiram com a vento
soprado pelas confusas palavras
e o céu ficou luzidio e cristalino
como as águas transparentes da fonte
da felicidade que encontramos(antes)
no paraíso dos nossos sonhos.

Lembrei de todos fantásticos sonhos
aqueles sonhos que deixamos lá atrás
eram muito jovens e nos fugiam
nós já não tão jovens como eles
corríamos como as ondas sonoras
das melodias das nossas canções
tentando segurá-los.

Finalmente,
consegui alcançar um destes sonhos.

Aquele meigo que agarrava as nuvens
e as moldava com carinho
para receber corações ora entristecidos
pois nelas eles podiam repousar
à espera que o Amor volvesse.





quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A viagem ...


Quando viajei para o paraíso dos sonhos
Encontrei muita gente ensaiando
Os sonhos que queriam sonhar

Lá era um belo lugar
Os sonhos desconhecidos
Imploravam para serem sonhados
Os sonhos sombrios ou bobos
Eram velhos conhecidos meus

Os sonhos se ofereciam para trocas
Um sonho de amor por um de chorar

Os sonhos quebrados se colavam
Num grande e belo mosaico
Lindos eram os sonhos chuvosos
Matavam a sede dos sonados

Mas, o que mais me emocionou
Foram os lamentos tristonhos
Dos sonhos esquecidos...





segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Das horas... do lembrar


Lembro o meu nascer
Para o viver e o pensar
Dói demais...

Nascer é alegria dolorida
Assim como as lágrimas
Que a felicidade traz.

Lembro o nascer das escolhas
Dos acertos e dos erros
Dos sorrisos e dos lamentos

Que se oferecem ao lembrar.

Lembro o nascer d´amor
Das mil maneiras d´ele se mostrar
Para a vida tão desejosa

De emoções... o precioso amar.

Lembro todas as horas
Que o relógio do existir marca
Neste constante rememorar.

Pulsando enlevos e torturas
Desde meu nascer até o agora
Na (in)certeza do finalizar.

Aquele instante intenso
Que deixarei para sempre
De sentir... o lembrar.



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Um sonho - o amor e as duas faces.



Sonhei um sonho lindo
era o sonho da realidade.

O amor forjando meios
para existir...aqui e ali
ontem, agora e amanhã.

Aprendeu o amor a nutrir
as almas e não só os corpos
sem sons... sem aromas
só asas a planar(n)os sentidos.

Evoluiu para não morrer
como só ele sabe fazer
entrou na máquina (do tempo?)
(sobre)viveu viajou... virtual.

Metafisico(a) e transcendente
se recriou e se espalhou
para consolar corações
no universo global... novo.

voejava livre para todos
mundos e realidades
e principalmente
para si mesmo
estava a morrer
coisificado...

No meu sonho
tinha eu duas faces
uma virada para trás
cuidando do passado
outra virada para frente
garantindo o futuro.

Lembranças e esperanças...

O ‘olhar’ das duas era circular
(um sonho fantástico)
se chocavam no ‘presente’
que o destino me presenteava
com um sorriso enigmático.

“ Decifre isso tudo!”
as faces gritavam
com os lábios unidos
nos lábios do sonho
que agora era vento.

O amor sussurrava baixinho
(no momento era o tempo)
como soprando uma resposta:

“é prosa ou é poesia?”

Era só um ‘fantástico’ sonho.










domingo, 12 de agosto de 2012

O fantasma de uma ópera


como dizer algo sem ser um 'ser real'
reflexo daquela eterna busca do gral.

o olhar semicerrado de emoção
fazendo delirar os dedos em versos
que não ouves porque és inverso
para os sons do teclado distante
em enigmáticos voos de instantes.

e solfejar a música das musas
nas notas do vento que ejacula
as palavras magas sussurrantes
de tempestades doridas ‘sentidas’
evocadas pelo colossal tempo.

por isso não consegue falar...

terás que entender todas linguagens
se quiseres participar desse sonho
esta magia da imaginação abissal
que (des)povoa toda realidade
colocando em xeque a sanidade.

o poeta é um ‘ser outro’
forjador de cenas e cenários
fantasma de uma ópera
intitulada “fantasia”.

ou será “utopia?”
vida por vir...







sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A vida não é um ensaio, só se vive uma vez.



a Terra em relação ao universo
é um minúsculo ponto
em ‘ movimento’ ...

em relação à imensidão do tempo
uma vida é um instante que passa
sendo logo esquecido.

por que tantos conflitos,
insatisfações, guerras e quimeras?

a vida passa rápida
a morte é igual para todos
todos equalizados... humanos.

tudo é nada quando finaliza
qual o valor deste nada?
não existe... é ‘inventado’.

a vida seria melhor aproveitada
se o estado primevo e natural do homem
fosse ‘domesticado’(de vez) pelo coletivo.

onde o homem deixasse de ser o ‘lobo do homem’
e conseguisse refletir sobre estas questões.

a vida acaba e o ’homo corpo‘ passa
resta um corpo social... vestígios deste homem.

e,

ninguém que existiu usufrui este ‘social’.

aquilo que ele mesmo construiu
resta como legado para os ‘novos seres’
que giram neste eterno movimento circular.

por que não se entender
que a vida não é um ensaio?
é uma viagem curta...cena única.

só se vive uma vez...






terça-feira, 7 de agosto de 2012

Um instante... um beijo


A vida me fugia
Era um novo encontro
Com o anjo negro

Eu não podia respirar
Mas ainda... ouvia
Aquele rufar de asas
E sentia o sufocar
Daquele abraço apertado

Escutava o sussurrar
Que eu bem conhecia

És minha! És minha!

Lutando muito
Abri meus olhos e
Olhei aquela ‘figura’

Percebi que estava nas alturas
Voando em direção
Às sombras da eternidade

A Luz abaixo sumia...

Desejando viver
Venci o temor e o asco
Levantei os braços
Abracei e beijei
Apaixonadamente
A Morte... o anjo negro

Este surpreso para retribuir
Afrouxou o abraço mortal e
Suspirando me soltou

Mergulhei na direção da Luz
Onde a Vida me resgatou

Aquele ‘anjo’ ficou sorrindo
E de longe me acenou
Gritando bem alto

Serás minha! Serás minha!

Respondeu-lhe meu coração:
Um dia, com certeza!

Hoje não...


domingo, 5 de agosto de 2012

(En) cantos julgados... admiráveis


Devagar aparecem saudosos
Nostálgicos do pretérito distante
Onde admiravam se acariciados
Pela s vaidades mútuas vibrantes

Sem acolher as novas nascentes
Nutrientes do novo mundo alterado
Que um dia foi inteiramente espoliado
Pelo abissal império rematado

A lei universal é maré civilizatória
Que devolve aos reais donatários
O grande paraíso outrora admirável
Hoje diferente contaminado

E o acoimo aos amplos senhores
É fazê-los sentirem na carne
O efeito do próprio veneno
Que ferozes disseminaram

Para saldarem seus pecados
As memórias são esquecidas
E os condenados são vitimas
Sofrendo pelas próprias desditas

Assim correm as águas do rio de heráclito
Nunca se banham nas mesmas águas
Os filhos lamentam todas as dívidas
Legado dos cevados pais insaciáveis

Sempre saudosos do magnífico passado
Consolam-se abraçados ‘ inocentes culpados’
Mas a vaidade ainda alimenta a pequena aliança
Que preconceituosa reproduz (en)‘cantos julgados’




quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A extinção...


O amor desesperado só voejava
Planava acima dos corações
Buscando um lugar para pousar

Os céus estavam escurecidos
Com as nuvens insatisfeitas
Pesadas de afetos perdidos
Que em prantos suplicavam
Um olhar ‘vivo’ para o alto

Precisavam (re)tornar
Ao solo que ardia na seca
Que embotava os sentimentos
Dos seres indiferentes que
Alienados pelo consumismo
Ilusão do prazer trocado
Em utensílios se transformavam

Para o amor não havia mais lugar...