sábado, 25 de abril de 2015

O que é !


Tão singular, tão universal
Tão idêntico , tão diferente
O Outro me assusta, assim
Como assusto a mim mesmo
Tão estranho, tão familiar
Tão óbvio, tão surpreendente
Tão paralisado, tão dinâmico
Inclassificado, indefinível...
Tantas identidades e percursos
Sem conhecer o destino final
Viajante, peregrino, virtual
Nevegante do... inescrutável!
Quem fui? Quem sou? Quem serei?
Importa ser prosa... o cotidiano (imposto)
Importa ser poesia... as escolhas felizes
Importa aceitar todo instante, “ o que é ! “
Vida é enigma... sempre!

quinta-feira, 26 de março de 2015

Alquimia de pulsões

 
há em mim tantos seres ( in) diferentes 
que espantados com esta multiplicidade 
buscam respostas vãs, nas “aparências”
que brotam das circunstâncias, que
se perfazem e se desfazem 
em momentos... efemeridades
(como quimeras ou sereias )
fantasias fugazes...
 
e, sem saber o porquê destas mutações
as minhas faces colhem vidas 
no labirinto do intelecto
espelho e reflexo 
deste estranhamento.
 
‘eu’ inteiro, entranhado
quebra em mil pedaços
mosaico de invisibilidades
[ ideias, emoções, vontades
desejos, sonhos
imaginação ]
 
sentimentos e pensamentos
dos seres , sem fim 
que me habitam
 
postos e opostos
(contraditórios) 
se amam , se odeiam
ambiguidades  
ubíquas em mim...
 
e, sem onisciência 
mergulho no onírico
que regulador da minha sanidade
doa sentidos e significados 
a tudo isso que me envolve
( vida , alquimia de pulsões)
 
... e, assim 
recompõe todas as faces 
deste enigmático ‘existir 
que em explosões , contínuas 
cria, salva e controla, surpreende
até o inesperado
extinguir...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Passagem



num surto de nascimentos
recentra todos descentros
frutos da aventura vivida
nesta dimensão... perdida!

aquela necessidade, forte
num rumo torcido, sem norte
por jornadas sem precisão
forjadas pela doce ilusão.

tantos caminhos se traçam
neste andar de caminhante
por acasos...(in)consciência!?

o espaço e o tempo passam
devorando este ser errante
no banquete desta existência.

Da natureza ao artista... o desespero do olhar

 
 Olhar no horizonte 
O por do sol sobre o mar
O céu pintado de ouro e sangue
Doando beleza e prazer
Sem nada exigir ou cobrar...
 
Olhar a neve caindo
Toda terra coberta de branco
Impressionista... lembra pureza
Presente precioso, lindo 
Da mãe generosa... a natureza !
 
Olhar os gigantes carvalhos
Os vales e as montanhas
Os rios , oceanos e mares
O vento e a chuva caindo
A incessante beleza ...fluindo.
 
Olhar o dia... ar puro
A noite bela, cheirosa
Os desertos e os oásis
As estepes, as florestas
As geleiras guardando as águas.
 
Olhar o colorido das flores
O perfume exalando nos jardins
As abelhas produzindo o mel
Os pássaros semeando a terra
Gratuidade, vida, jorrando . .
 
Mas, há mais...
 
Olhar , também, à ingratidão  
Ao progresso selvagem
À destruição do meio ambiente
Ao mutante porvir, monstro
Devorador do equilibrio natural.
 
Olhar o homem, o artista
Criador e criatura (de barro) 
O aprendiz de feiticeiro
Que nada controla, insano
Obreiro de extincões
 
 
Olhai ! Olhai!  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Borboletas azuis


nos versos, movimentos e pausas
delirios trágicos de amores sem causas
morrem no silêncio, louvando sonhos
em cânticos de hinos que se elevam
ressuscitando sentimentos adormecidos

como larvas que ganham asas, na primavera.

... voam como borboletas azuis
buscando momentos , horas... dias
de beleza, junto ao desejo de ser
o êxtase de existirem
mais uma vez.

Acordados, dormimos


 
 
 
um amor , uma vitória
todo estado nascente
traz o maravilhoso
( a fortuna farta )
o instante mágico
do êxtase...
 
o depois... é segredo!
sabe-se disfarçar
ninguém percebe
a farsa da alegria
pois aquela dor
foi, é... só minha.
 
aquele amor, não morreu
habita nos sonhos meus
... e nos sonhos teus.
vida é contradição
importa não torturar
... corações.
 
dissimular é preciso
acordados, dormimos
dor de amor, é riqueza
tesouro escondido
no âmago de cada um.
 
impossível, impensável
partilhar tamanha beleza
o inesperado será sempre
surpresa... eterna busca
do ‘ não ainda’, o ‘ vir a ser’
o sonhado!