quinta-feira, 27 de junho de 2013

A procura do que não está lá


espreita pela janela,

a chuva cai de mansinho
 refrescando a morna  brisa
das letras e dos momentos  
que tingem o papel branco
com gotas de pensamentos.

fica a olhar o céu e o mar,
procurando  pelo que não está lá

surge uma inspiração...

a anfitriã  da i.rreal vida
que oferece  banquetes
as desejosas fantasias
que vestem  os poemas
convivas nobres ,  ‘ reais’.

a vida real , não está à altura
da nova [vida] imaginada
 ilimitada e infinda

estão distanciadas, pelo prazer
senhor empreendedor...

e, sem apreciar  migalhas
se entrega a fartura , a  fortuna
da   imaginação que prospera

ali, tudo pode acontecer,
há magia, há riqueza imensurável.

... continua  a olhar coisas e arrebóis
buscando pelo que não está lá

... , as letras gotejam no papel branco
a  musa.criativa,  prisioneira em seu castelo
inicia por pintar girassóis...  liberta , voa
abraça  todo universo

busca o que não está lá,

o desejo de encontrar...










segunda-feira, 24 de junho de 2013

Algo muito importante...


 - Minha filha,

existem muitas coisas neste mundo,
algumas conhecemos e outras ignoramos
aceitar isso , é imprescindível e saudável.

há coisas que podemos aprender,
nossa vontade nos fará buscá-las
e há coisas que precisamos saber,
porque são fundamentais para se viver

saber que abismos são perigosos
como a varanda da nossa morada
as quedas ,  matam... não possuímos asas.

saber que se golpearmos os outros
as consequências podem ser desagradáveis,
pois reações, sempre,  acontecem
seremos machucados também.

as pequenas coisas são importantes
para se continuar a viver bem,
porque existem modos de vida
que não  permitem  ‘nada’ viver.

há coisas que nos convém,  boas
e , há coisas que não nos convém, más

saber distinguir entre o bem e o mal
 o certo e o errado é o melhor aprendizado,
 o conhecimento que todos devem buscar.

mas, saber viver bem não é tão fácil
as coisas não são tão simples assim,
lidar com critérios opostos ... [na sociedade]
habitat de opiniões diferentes e desiguais.

o unânime, é que não há concordância geral
 também,  que a vida se rege pelo querer de cada um
mesmo não controlando certas coisas que nos acontecem
podemos escolher como responder [a elas] ao nosso modo

obedecer, aceitar ou se rebelar
isso , filha, podemos sim !

há coisas que dependem da nossa vontade
mas, há coisas que independem de nós.
outras vontades e necessidades há no mundo
inúmeras forças que limitam nossa liberdade
[terremotos, doenças, guerras... adversidades]

saber disso, conhecer o mundo e a nós mesmos
é imperativo, a conscientização  é a nossa força.

mas, desconfie  daqueles que negam nossa liberdade
afirmando que tudo é ruim mesmo e deve-se aceitar
são pessoas tristes, talvez, hipócritas ou fracassadas
por trás deste afirmação boa coisa não há...

porque o ser humano é o único que possui  liberdade,
 o poder de escolher e o  poder de inventar.

não somos determinados como outros seres
 animados e inanimados ...

A pedra e a montanha  ,  a árvore e a flor  
o gato e o rato , a aranha e a mosca...   não podem escolher
são determinados pela natureza de cada um
e a cumprem sem pestanejar.

a verdade  é que se podemos escolher e inventar
podemos, também,  nos enganar... devemos ter atenção
e  buscarmos aquisições de saber bem-viver
que nos levem  a acertar... aprender a não errar.

escolher o que nos convém e não nos convém
exercitar nossa  liberdade , mas sabendo que ela acaba
quando começa  a do Outro...  é  a energética  Arte [ de viver]


... e esse ( aprender ) saber- viver, minha filha
  é a nossa ética, aquela que vai reger

a tua e a minha, enfim
a ‘ nossa humanidade’...
.











sexta-feira, 21 de junho de 2013

O querer...


desejar não é a mesma coisa que querer
o desejar é esforçar-se por algo
ter necessidade de algo
é  como um sonhar...

o querer é um comando
um pensamento que ordena

é quem dá as ordens   
é,  também  quem as obedece
no mesmo Eu ...  dois-em-um

a vontade é dual [ ordena e obedece]
uma bipolaridade incurável

quando comanda sente o prazer
mas o obedecer , nem sempre
pode ser dor...  coerção

no mesmo espírito,
polos opostos estendem as mãos

o sim e o não,
o Eu resistente e o Eu triunfante
o poder da vontade...

é sensação sublime,
júbilo pela abundância
da liberdade e da escolha

quer olhar a beleza e quer ouvir a música
quer absorver o perfume e quer sentir o toque amoroso
quer falar sobre a justiça e gritar sobre a injustiça

...é, como uma onda que vai e vem, acariciando o oceano
o querer arrasta no mar da vida,  os enigmas  da verdade
que sustentam o espírito e acariciam a alma

... Eu penso,
Eu quero ,  Eu posso
Eu consigo e Eu decido

é projeto  (não objeto) ,  é a certeza da esperança
é força interior sem medo de surpresas
este querer  é o maior poder do Eu

... uma decisão [ação]  silenciosa.














terça-feira, 18 de junho de 2013

[só queria... ]


flutua devagar nas sensações
no oceano  da vida que tudo envolve
e sente a dor profunda do “finitus”,
queria abraçar a imortalidade...

teme perder tudo que ‘sente’
sofre,  foge  da convivência amorosa
é o intenso pânico da existência
que se derrama no tempo, prazerosa.

a alma sonha , desejosa...  quer voar!
mas  os ossos pesam no destino imutável
e o ser desiste da ilusão onírica , alada
que é poeira cósmica do inescrutável.

fios de seda tecem pensamentos e sentires
no casulo,  todos os instantes são contidos
a metamorfose expele lembranças vividas
num consolo rumo ao desconhecido.

e o medo invade , por tudo que é amado
medo de perder a coragem [ felicidade]
o homem é o herói do drama da vida
cujo único destino é a fatalidade.

a morte ronda desde o principio
morrem anos,  morrem paixões
morrem sonhos e morrem pulsões

vida, é a experiência da mortalidade.

e,  continua a flutuar nas sensações
no oceano  desta vida que tudo arrasta
e sente a dor profunda da ‘finitude’

queria só fruir [d] a imortalidade...







quarta-feira, 12 de junho de 2013

[ a paixão da palavra ]


 paixão, desvario intenso
que rouba à razão sua luz
encena como o arco-iris
com  as promessas d´ouro
riqueza que a todos seduz.

são tão ingênuas as palavras,
constroem torres ao vento
e sonham sentir emoções
olvidam a própria magia
de  ‘magas’ das abstrações.

mas ,se sabem entes fortes
que defloram os momentos
arrancam os véus invisíveis
que acobertam pensamentos.

palavras , o presente de Iris
aos poetas para sua alegria,
a deusa liga o céu com a terra
distendendo seu arco à poesia.










sábado, 8 de junho de 2013

Passeando [ de mãos dadas ] com Van Gogh


 ...e sigo viajando, nas velozes asas do tempo,
 [ pensamentos] que nascem, crescem e morrem
na busca de respostas...  e aventuras.

atravesso as épocas e abraço as estações,
as horas e os instantes  , assim, renascem
exorcizados nesta viagem...

provo frutos nos pomares e colho rosas nos jardins
bebo água nos oásis , mitigo minha sede
neste deserto que [não mais] habita em mim.

... vejo , quase sinto,  todo traçado da história
captando,  neste voejar,  a solidão e o sacrifício
de tantos ‘ gênios’  que deleitam a humanidade

a felicidade,  jamais conheceram...e a glória?
 sim, glória póstuma , muitos  viveram...

...e, nos campos de trigo reencontro Van Gogh
meu querido ... vitima do Incognoscível
que constrói   e  destrói tudo... pobre amigo.

... de mãos dadas , seguimos por trilhas estranhas e
encontramos Zola no,  “café grabois” , batendo  
nos semelhantes... indiferentes.

o genial romancista,  ataca as ideias
que impressionam o impressionismo,
este ,  abstrato,  segue delineando  caminhos

sempre , a arte abstrata se justifica per si.

 Kandinsky   surge com  suas “aquarelas”
manchas de cores justapostas e sua justificação
 estética ... “ Do Espiritual na Arte”.

Mondrian , derramando  cores e [geometria]
busca  a linguagem universal – a matemática,
renova e revoluciona com sua  arte...

Chagall  , se aproxima e com suas cores frias e estridentes
expressa  em linhas quebradas , a tristeza e o horror 
que testemunhou, um mundo em constante insegurança.

 Cézanne, não quis sacrificar seu pincel às finanças,
ignora o chamado do pai  aos negócios da família,
e a perseverança lhe tributa os louros,  com seus

” banhistas, jogadores, paisagens, retratos...”

 Monet, pinta várias vezes a mesma paisagem,
 em horas, estações  e sob luzes diferentes
busca obter novos efeitos a partir do mesmo tema.

Manet ,  o mais impressionista dos impressionistas 
vai traduzir em suas pinturas  o próprio sentimento 
[é visionário ]não  quer só reproduzir a paisagem

seu “Impressão, sol  nascente”  , é revolucionário.

 passamos pela suntuosidade seca e fria do grande Gauguin ,
suas pinceladas com  largos jogos de tons  e sua síntese  -
suas telas oceânicas  muito [ e tudo]  revelam 

a aceitação da vida ( no desejo de viver),
a saudade amarga do amor e da liberdade perdidos ,
 a angústia da certeza do Inescrutável.

 Picasso pinta visões apocalípticas,
o trágico e o burlesco,o sarcasmo e a piedade
a palpitação da vida e a imobilidade da morte

é  genial, se eleva , assim , ao panteão.

Degas,  traz suas  tênues bailarinas
e ao vê-las , até a música escutamos
e um sentir dolente nos consome...

o outro holandês,  com seus peixes- pássaros
 numa metamorfose genial,  do preto e branco
 e nas asas que são guelras,  respiramos.

 passeamos extasiados [de mãos dadas ] entre muitos
que a arte do passado ,  sem remorso, imortaliza
desde  o greco Fidias à controversa “Monalisa

Da Vinci,  Rafael ,  Miguel Ângelo ... vão distante(s).

e,Van Gogh , com seu “Um par de sapatos “, sussurra-me:

foi pintar para acalmar a dor interior que o dilacerava,
 é no domínio sublime da arte que desforra-se
dos reveses que sofrera toda sua vida...

 perdida , eu sigo nos “ Trigais amarelos “ , acaricio os quentes “Girassóis
 e sem estorvo  algum, lemos os “Livros amarelos” , para
 separarmo-nos  no sombrio “Campo de trigo aos corvos

onde , a arma dispara , sem  compaixão

... e, só  assim,  solta-me as mãos , novamente
 lança-me no tempo e no espaço, retorno
 para mim mesma , absorta, sentindo uma inquietante

mui dolorosa,  comoção...









sábado, 1 de junho de 2013

Vestigios...

mergulho nesta essência que me envolve
sem entender qual gota me sustenta ,
e se há vida - um real ou uma existência
nos movimentos ondulares [enzimáticos]
que  de meus sonhos [fugazes] se alimenta.

nesta nebulosa [dúvida], voo no cosmos
e neste universo de entes duvidosos,
num caos, indubitável, me desfaço...

sou  o nada e o tudo neste olhar, 
penso (se )existo ou sou só um cansaço
no compasso insustentável do pensar

... um ser perdido, forja dos deuses antigos
uma faísca divina... espargida no espaço.