terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Alma agradecida...




era noite, ainda
o último dia do ano findava.
o vento soprava sobre montanhas e vales,
desertos  e mares, florestas e cidades...

renascia , também
mais um ano sobre todo globo terrestre.

a alma afastou o último véu deste ano treze
e voou na noite , onde as estrelas brilhavam no céu
e as luzes da vida [ de cada ser  ]  brilhavam na terra.

viu a alma que o cosmos se renovava para o homem,
todo caos se dissolvia num oceano de  amor e esperanças.

a alma inquieta,  sossegou nesta visão maravilhosa
e percebeu o quanto era mágico testemunhar
o milagre da vida neste inescrutável universo.

...e, assim

agradeceu

por existir.













                                                            






segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Começo feiticeiro, terminal...


há um algo inescrutável
que me habita, sinto,  inteiramente
mas é inefável, não posso dizer...

posso, somente, pensar e sentir
sou uma espécie mágica e misteriosa
cujo substrato é um intenso “Nada”
que se  transforma em sentimentos
prenhes de pensamentos...

sou como “merlin “, domino a ilusão
sou o grande mago deste universo
de múltiplas metamorfoses ,
sou fascinação , sensações...

sou a larva feia e a mais bela borboleta
sou a maga ‘morgana’, tenho poderes
[bruxa e bruxo  -  sou  comunhão]

transformo este “Nada” em “ Tudo”,
crio meu mundo  (d)no Outro,
(sou o mito e o conhecimento)
sou imaginação, amnésia

puro esquecimento...

meu coração e minha mente
exigem [ de mim ] explicações
para todas ilusões que sobejam
neste Ser que imagino ser...

o “Nada” olha e sorri,
abona sua existência  em [nós] ,
na amarras do “Tudo”, [ desejos de(o) ser ]

um meio justificando finais, então
só consigo me pensar como -

“um começo feiticeiro, terminal











sábado, 28 de dezembro de 2013

O escultor...


alivia suas caricias,
na doçura dos lábios
que esculpe no mármore,
naquele rosto petrificado
brancacento ...  frio.

lábios , que  sussurram a dor
da  saudade ,  na ausência
daquela carne [corpo quente]
que um dia foi seu refúgio...

um ardente,  inesquecível  amor
agora,  imortalizado na pedra
pelas magas e carentes mãos
do sofrido escultor...










sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Nascente de felicidade


uma  breve felicidade acontece
quando a pena do poeta
desliza na folha em branco
soprando desejos e sonhos,
num colorido arco-iris,  a Alegria

[delineada na tela  etérea , do  “ instante”
quando a  “realidade”  é  paralisada ,
aprisionada pelo parênteses]

fugaz  instante ,  

que  traz o sentir mágico,  leve como seda
à solidão,  que se veste desta magia
naquele  momento sagrado [ da criação]
quando o sublime, sublimado , se desvela

numa emergência feraz,   nascente

... é  Poesia.












quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Às margens do “ Lac Léman”...


era o violino que eu mais ouvia
sua voz ora suave ora saltitante
comandava a todos,  com desejo
e um forte sentimento de alegria...

a harpa delicada respondia,  encabulada
o violoncelo rouco sorria piscando sons
para as flautas afinadas ... assobiavam
atraindo os encantadores cisnes.

no último ato (abri os olhos) ,  em êxtase
voejei alto e vi os ‘cisnes encantados’
... bailavam nas águas brandas do lago
ao som daquele mágico violino...






segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Serei eu estes “eus”?!


serei  eu  estas máscaras
que a vida me obriga a usar
em cada flagrante, cada encontro
que transforma minha consciência
neste oceano de impermanências
que o tempo movimenta em ondas?

sinto,  que cada presente me escapa
por entre meus dedos [ é passado]
instantes que esculpem  novas máscaras
para este meu (aflito) personagem
que deve se enquadrar aos cenários.

...e, já não sou hoje o que era ontem
vivo nas transformações, devir sem retorno
só máscaras sobre máscaras [“eus”]
sem face alguma por detrás
sendo o disfarce,  minha atuação
neste mundo tão inconstante...

sou  meus desejos, sou minha solidão
sou o silêncio que me habita
esta presença da ausência
[de qualquer sentido]
sem indulgência alguma
uma dor enorme, invisível, sem alívio
uma insistência [sem significação]

sou tudo o que não (a)parece, exclusões
sou o subliminar , o inconsciente
aquele regente oculto, escondido
bem mais de quatro quintos do “Ser”
sou o refém desta ocultação...

não sou aquilo que os outros dizem
aquilo que os outros querem
aquilo que preciso “interpretar”
representar, partilhando experiências
da existência que ‘ anima’
esta contingência, necessária
(este menos de um quinto)
que afirma  ser meu(s) Eu(s) ”.

...ou, muito me engano
e,  serei eu (estes)  “eus”?!

este tão pouco , quase nada
esta fugacidade “real”...












quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Da frustração...


o dia esperado chega, mas
vem diferente sem sorrisos
com  um humor cinzento,  
prenuncio de  ‘mau tempo’...

traz as alegrias e os raios do sol
nos bolsos de trás das vestes,
para enganar o entardecer que se aproxima
a fim  de receber, nos braços,  sua noite...

o dia  a inveja, não deseja que esteja feliz
quer a noite escura e fria como seu coração, hoje
envolto num nevoeiro tristonho . o céu chora
cegando as estrelas e a lua neste cenário deprimente.

deseja  afastá-las dos efeitos melancólicos
da instabilidade ‘temporal ‘ , destes ’ maus dias’
que muitas vezes chegam com as ventanias, vendavais
estragando promessas ... [as longas esperas]









segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Gratidão...


gosto de te ver chegar, descobrir que ainda vivo
existo na curiosidade, na admiração e no espanto
por isso te(me) torturo tanto com meu canto.

fala-me do começo do mundo!
quando o Sol ,  ardente , cobriu a Terra
penetrando –a com sua semente...

com o fogo queimando  seu ventre
gerou a filha mais preciosa  -  Natureza
uma inocência plena de belezas e essências.

[vestes verdes e mares transparentes
cheios de seres e cores , geleiras e desertos.
na sua cabeleira - nuvens, estrelas e luar]

Fala -me das montanhas !  dos minérios,
das pedras preciosas, do  rico ouro
 não o ‘ouro negro’,  gen. fossilizado[ desgraçado]

fala -me de mim ! esta que vês,  cotidianamente
quem sou , verdadeiramente? para que fui criado?
por que sou um Ser vivente e (in) consciente?

[consciente do próprio destino. tão trágico! ]
queria ser só instinto,  selvagem e espontâneo
sem  a ‘razão’, invento de controle - sofrimentos.

queria ser pedra, queria ser vento
queria ser sensação, sem pensamentos
queria ser só intuição, sem entendimentos.

queria ser o tempo , não o viajante
queria ser descansos,  não cansaços
queria  ser  saudável, não (tão) doente.

mas, quando  chegas com tua ternura
e, me despertas com teu ruído dourado
ó doce Aurora ! tudo desaparece...

és o alivio destes meus ‘dias’,  
os feitores cruéis desta loucura
e, só consigo te dizer -  obrigada!!!

sei , sim!  é mais loucura!
isto tudo soa como nascitura
uma escritura do inacreditável !?


















domingo, 1 de dezembro de 2013

Tão pouco !!!


Tudo, tão pouco!
Promessas em fusão
Sonhos grandiosos
Memórias esparsas
Lembranças re.feitas
Em fantasias e farsas...

Tudo, tão pouco!
Rupturas invisíveis, vãos
Loucuras incontidas
Voos nas asas do querer
Distâncias oceânicas
Ausências consentidas...

Tudo, tão pouco!
Garras nas nervuras da pele
Monstros em trans.formação
O real em fuga, desaba
O ‘tudo’ se (des)vela nada
Fumo da imaginação...

Tudo, tão ful.minante!










sábado, 30 de novembro de 2013

Amor , uma palavra ...


o amor é o nome de um afeto
só uma ‘palavra’ com múltiplas significações
uma ‘bomba’ que explode em pulsões
da tensão entre união e desligamento
sendo sempre,   encontro e separação.

um afeto que dobra e se desdobra
alivio e prazer,  dor e sofrimento
no  excesso pulsional  é perdição
o ódio nada mais é que um e.feito
só odeia quem ‘conheceu’ a paixão.

o amor  tem face dupla , dois polos
uma ‘palavra’ energizada  no vai e vem
dos sentires que o ‘afeto’  traz, tem.

amar ou odiar estão na mesma estrada
o segredo, equilíbrio da força pulsional
que dará direção e  sentido, consentidos

no caminhar do Ser... passional.










quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Per.versos meus...


ao acreditar que tenho o que precisas
que trago escondido o que te completa
tua carência jamais será suprida, pois
continuarás a desconhecer o que te falta.

o véu que encobre teu céu jamais será desvelado
uma paixão imaginária , não é amor, é ilusão
[nem sempre o que falta a um está oculto no outro]
...e, negar a realidade é cevar obsessões.

não sou aquilo que desejas, nem és um desejo meu
somos naves extraviadas , navegantes
no abissal  mar ... das desilusões.












sábado, 23 de novembro de 2013

Consciência da inconsciência...


quando (me) nasci era esperança, era  dia
era primavera  e também verão , era vida
uma magia do arco-iris,  cores e calor
existia  uma alma inteira num ‘corpo são’
nutrindo  minha  ‘existência ‘, de paixão e amor...

quando me perdi no frio da bruma, era noite
o nevoeiro chegou ,  tudo envolveu,  a cor se esvaiu
e, nesta jornada já não restou a magia, só o prisma
a luz branca é fria , revela que não há perdição
foi-se o reflexo da cor e da esperança, era só ilusão...

 a alma , surpresa , se rompe em  duas,  quer ”olhar”
uma olha de fora para dentro,  ‘vê’ decomposição
a outra olha de dentro para fora , ‘sente’  toda inversão
então,  a dor aflora no Ser que se percebe ‘ temporal’,
seu peito aperta e suas lágrimas começam a rolar...

[ as almas se (re)unem e ficam a ‘esperar’... ]









domingo, 17 de novembro de 2013

Ambientação...


o luar e o mar , enternecem...

o olhar turva, os lábios tremem
provando  o fio da lágrima  
o coração acelera ,  falta ar
uma zonzeira se abriga

 é pulsão da vida...sinais.

ambientação ,
‘sentires’  à flor da pele
[altitude e longitude]
energia e força , aguçadas

muito se ama por cá...

neste éden,  interior
alcançado  [ afortunadamente]
há um mar de sensações
ali, o amor desejou habitar.


... (o) querer será sempre
(o) poder que,  no ‘ser’ afortunado,  há.





















terça-feira, 12 de novembro de 2013

A espera, insiste...


é dia ainda, o crepúsculo se anuncia
caminho na areia da praia e olho o mar
um momento único, aprisionado
e, logo, liberto nas asas da imaginação
na espera de entender  e apreender‘ tudo’...

o oceano , qualquer um, sinaliza vitalidade
[atrai o olhar, o sentir , o admirar – é alegria]
foi ali que tudo começou e ali tudo irá terminar
as águas são testemunhas oculares do milagre -
quando elementos primordiais tornaram-se vida.

...esta vida gerou o ser mais precioso, o homem
nele ‘tudo’  há  - a água , o ar, o fogo e a terra -
sua energia vital  vagueia no espaço e tempo
deste imenso universo , inescrutável.

inescrutável  como ele próprio,
porque  é neste ser precioso
que habitam todas as invisibilidades
[ alma e espírito  - emoções e pensamentos]
que sustentam  possibilidades e probabilidades
da existência  continua da ‘humanidade’...

... para perpetuar [e entender]  esta vida que o anima
o homem cria e recria mundos , persiste e insiste
é essência de metamorfoses, um guerreiro
que jamais desiste...

que  tipo de  ‘mundo’ existiria sem o homem?
um mundo incompleto e imperfeito...

 a noite chega com seu céu estrelado, há luar
a maré sobe e chega aos meus pés, recuo
deixo de pensar e sentir, ouço meu mundo, é outono
momento de contar os grãos da areia –
nos rastros da felicidade de existir

tudo  é tão subliminar, maior

a espera,  insiste... 



















   




   


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Quem sente?


amor, sublime amor!
calor intenso, luz maravilhosa
que nutre o universo d´alma...

destino de estrela!

O universo se expande
as galáxias se afastam
as estrelas se acendem , se apagam

quem sente?

estrelas não são eternas
são sóis que nascem, queimam
e morrem... 

o céu escurece à noite
porque as estrelas se afastam
magas... nebulosas

nenhuma ampulheta controla
o brilho e o calor das estrelas
seu tempo é a sua duração
sua vida...

quem sente?

assim o amor se comporta
[eterno enquanto dure]
repete o destino das estrelas

volatiza no tempo
às distancias não apreendidas
ausências mascaradas

quem sente?






quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O espírito do tempo

desliza o momento feliz
no abismo do ‘não mais’,
se anuncia o momento feliz
no desejo do ‘ainda não’...

queria abraçar o momento,
segurá-lo nas mãos, mas ele foge
por entre seus  dedos

desaparece...

o momento, jamais será uma posse
[como tudo na vida ]

o momento não se entrega
ninguém pode retê-lo, se desvanece
em cada passo do buscar possuir - a flor
a paisagem, as emoções, os sentimentos
as coisas, os sonhos, o amor
os pensamentos...

depende do momento [para tudo]
precisa tanto dele, o quer seu
mas, não pode possuí-lo
resta-lhe apenas, repousar
à sua sombra...

[ momento, o espírito do tempo ]






domingo, 20 de outubro de 2013

O uivo...


 uivava, como um lobo cinzento, aguerrido
olhos vermelhos focavam olhos amarelecidos
[os olhos dos lobos são da cor do mel]
o homem uivava para sentir a vida.

sentia a  dor que nascia das palavras
as palavras que contavam sobre si mesmo
 [o homem é um ser crédulo, inventa sobre si mesmo]
 precisa acreditar nas histórias que inventa.

diz-se ‘humano’, superior,  diferente dos outros animais
porque domina as palavras, cria seu “saber”
[sua riqueza e sua desgraça.]

mas, as histórias contam o que não é
mostram só as sombras do homem
[ a verdade está sempre oculta nas palavras]
a linguagem verbal não supera outras linguagens
o olhar, a lágrima, o gesto, o movimento corporal... – a essência

os lobos ‘vivem’ os momentos , não sabem do futuro
que as palavras apontam para os homens, morte
o homem, então,  encarna o lobo
 uiva para sentir.

depois se entrega às palavras , que inventa
 para “ florear” os momentos que lhes escapam
velozes,  pelo vão dos pensamentos.
e, sem saber apreender [o presente] nem sentir o momento
uiva como o lobo [ a vida efêmera que lhe escapa]
vira lembrança, vira desejo – é palavra contada
um (in)vento que fixa os momentos, transformados em histórias
vento vazio, vento frio -  esta angústia
de “saber” que acaba

ficam as palavras
um falso uivo
de si.















Alquimia do existir...

afunda em águas mansas, profundas
abismos atraem-na , moldam
seus desejos, suas escolhas...

emerge, alça  voo,  busca as alturas
respira nuvens, lá está seu olhar
escolhe mergulhar...

o abismo espera, fogo interior
queima sem ferir, transforma
sussurra o (com)sentir...

descalça,  na nudez do pensar
caminha devagar na areia do tempo
segue em frente, pés no chão...

é o colapso, hora de existir , realizar
a possibilidade toma forma, o sonho
se desfaz na fusão dos elementos.

a probabilidade nasce, prevalece
na construto da imaginação, encarna
é hora de ouvir, de ver, de sentir...

hora de viver [sendo] , é devir...








segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Do desassossego...


quietude e silêncio,
no crepúsculo que se anuncia
a noite chega, abraça
com mãos tensas

vazias...

tudo que amou
não pode reter,
tudo que viveu
não pode esquecer.

matizes e alternâncias
dores, alegrias

horas maravilhosas,
horas  perversas

tantas horas,
fugidias...

e, aborda um cansaço
ofuscando o voo livre da alma,
quebra sua força e suas asas
na murada do desassossego

uma imensidão, um labirinto
[turbulências e calmarias]

... sente o abraço carinhoso do tempo
guia sedutor na atração vital [terminal]  

[se enlaça na corrente suave do destino]

ele sabe qual direção
(a)seguir...

não deseja ir,
impossível ficar

fecha os olhos,

se entrega...








domingo, 29 de setembro de 2013

O farol ...


 o farol iniciava a ronda
da criatividade...

instante a instante,
retirava das trevas em
ondas incandescentes
um mar de amor,  que moldava
a ‘imagem’ desejada...
  
pulsante,  a maravilhosa
escultura [viva] se desvelava
‘ encarnada’...  cor do sangue
daquele coração amoroso
que o farol,  timidamente
cintilando em intervalos

 buscava ...





domingo, 22 de setembro de 2013

[ interstício ]


perdas!  tantas perdas!

quando irão cessar,
em mim?

nem lembro, quando
a abundância
[presenças]
sustaram de pulsar

e,

o desapego [camuflado]
se.revelou.

embusteiro!

sangra tudo,
finca morada

machuca!

tudo o que era
queima [esvanece]
em sal

as lágrimas
(não mais)

Desaparecem...

tempo, é medida
de momentos
alternâncias
sem fim...

[ passado e futuro
poeiras virtuais
poluentes...

(lembranças e desejos)
sufocam o presente
que sem ar, morre
continuamente...]

agora, é tempo
do despovoar

a alma mergulha,
neste mar de ausências
que brotam da terra
do inefável

... vazio!?

um tempo,(um)sentido

...tão (i)real !