sexta-feira, 27 de julho de 2012

O pó dos moinhos...


escuto dos lábios sedosos da saudade
que o tempo não existe na intuição
por isso esta me carrega nos braços
ao mergulhar no meu mar interior
onde correm as torrentes de emoções

lá outro mundo acontece... é devir
num fluir continuado sem tempo neste ali
onde o mistério dos sentires é desvelado
se mostrando nesta mágica ‘duração’
de tempo sem medida... e paralisado

visito o passado nas lembranças
e sinto tudo novamente... o atrás
atraído para frente num redemoinho
é o ‘agora’ modificado e impelido
à superfície pela doce profundidade

é na superfície que os moinhos
da razão moem o tempo e o espaço
que ‘in profundis’ são pó cósmico
território transcendente da intuição
morada dos invisíveis... como a saudade

esta que suaviza as ausências
sossegando o pulsar dos corações
ou liberdade que incentiva o viver
esse tudo que invisível potencializa
o Ser, no milagre de existir... acontecer




quarta-feira, 25 de julho de 2012

[sentindo o nada ]


tinha (pre)sentido
o sem sentido do ‘nada’
nada que só existe
no pensamento
pura abstração

porque na realidade
o nada seria algo que não existe
a negação de algo significa nada
e se algo não existe não tem sentido
nem significado dizer este ‘existe’
um algo sem existência... é nada

crio o ‘nada’
uma imagem
objeto do pensamento
que traz o vazio
de algo... sem existir
e me machuca tanto

eu sinto esta dor
no fundo da minh´alma
ela existe...



domingo, 22 de julho de 2012

[os gritos do silêncio]


muitas vezes
é o silêncio
o grito mais alto
da nossa vida

quando nada se diz
este silêncio grita : sim!
à pergunta sem resposta
daqueles que amamos

ou é um grito de revolta
sem ruído... mudo
aceitando o inaceitável
daqueles que deixamos de amar
mas não podemos partir
eles precisam de nós

estes gritos crispados
do absurdo silêncio
como um sacro segredo
só a própria alma escuta
e silenciosamente esvanece

gerando todos os medos...




quarta-feira, 18 de julho de 2012

Poesia e versos... as primeiras alegrias


o belo da poesia é o imprevisto
paralisa a brisa

é na execução que nasce a beleza
tão veloz e selvagem quanto o vento

procura se a palavra certa
solta a rede ao mar

o poeta sabe... é sua natureza
vive com isso todos os dias

encontra a verdade e a harmonia
pelos olhos da mais bela palavra

no seu íntimo e na sua intuição
escutar a sua voz e não mais a minha

deste encontro nascem os versos
como quem estreita os laços de suas primeiras alegrias.



Alice & Vânia Lopez


terça-feira, 17 de julho de 2012

[universo]


Não existe nada melhor
que amar e ser amada

o amor traz tudo
e, muitas vezes se evade
se esquiva... para renascer
na névoa forte da imaginação

por isso preciso te amar
te encontrei sem te buscar
este é teu universo
e gosto de nele existir

só o perderei o dia que deixar de sonhar

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Serão deuses os poetas?


Por que pensas tanto?

Cada pensamento é
folha amarelecida
que se desprende
mansamente
da árvore mental
no outono da vida.

Cai na terra
dos sonhos
não realizados
e mesmo assim
são imensamente
felizes.

Os sonhos
são potências
adormecidas
eternizadas.

Lembras dos deuses?

Ainda vivem
no ser primevo
sem racionalidade
que existe em nós.

Serão os poetas
estes deuses
que amanham
os sonhos?



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Aprendi a voar...


No alto da minha colina
Olho o vale e as outras montanhas
Gosto de alturas, ar puro natureza

Precisaria de asas para visitar
Todos os cimos das montanhas
‘Aspirando’ beleza e pureza

Abaixo de mim há coisas mil
E admiro um jardim de lindas rosas
Brancas, amarelas e vermelhas

Aquelas que tremem ansiosas
Esperando as gotas de orvalho da noite
Invejo estas rosas... viçosas

Sinto que amo muito a vida
Não porque quero viver
Mas porque quero amar

A vida é que ensina a amar...

Continuo no alto
Onde gosto de estar sozinha
Amo o silêncio... contemplação

Depois que aprendi a ‘caminhar’
Subi as montanhas fora de mim
Elevei me neste movimento

Depois que aprendi a escrever
Subi montanhas dentro de mim
Tornei me tão leve como um sorriso

Aprendi a voar...


terça-feira, 10 de julho de 2012

metamorfose... evolução


de tudo que se diz
de uma coisa não se foge
diz se da vida
em que se é aprendiz

não engane a si próprio
achando que engana
outros noite e dia
mestre em metamorfose

as borboletas logo morrem
preço pago pela beleza
fuga da escuridão para a luz

o ser vivo animal
é movimento desdobramento
vive muitas fases... fugazes
sós ou em coletividade

só o homem estrese
tenta o efeito do camaleão
leão com pele de cordeiro
e outras coisas mais...

mas ,

uma águia pode pisar
o solo feito galinha
esta nunca voará aos céus
não será águia jamais

os homens têm este poder
se bem refletirem

a estupidez é o outro nome
da simples irreflexão

suas metamorfoses
esta imensa capacidade
deve ser para melhorar
a si e à sua sociedade

sendo sempre neófitos
da própria evolução
forjadores da ‘humanidade’

isso vale à qualquer
‘ dimensão ’ humana

tu o sabes... não?


sábado, 7 de julho de 2012

Acorda poesia... proclama teu encanto!


Poesia mostra a tua cara!
Seja ardente, temente ou irreverente
Critica, melancólica ou atrevida

Fala do sol, da terra, do mar
Do céu, do paraíso ou inferno
Do amor, do silêncio ou rancor

Das revoluções do homem
Das técnicas, das artes
De Deus, do artista ou do diabo

Canta a natureza e o arrebol
Fala das flores, das borboletas,
Dos olores, das brumas e da noite

Das musas, dos faunos, dos prados
Das montanhas, dos rios, dos animais,
Das chuvas, dos peixes ou anzóis

Fala de homero, safo ou sófocles
De terêncio , virgilio ou dante
De camões , shakespeare ou goethe

De byron, heine ou rimbaud
De dylan , neruda ou auden
De florbela, vinicius ou drummond

Fala de tudo e de todos
És o laboratório e a experiência
És tese, hipótese e o resultado

Nunca cesses teu canto

Revoluciona a insensatez humana
Seja insurgente, bela e sábia
Mostra a todos tua criatividade

Arrasa à vil realidade
Utopia é também possibilidade
É poder... é probabilidade

Imaginação, sonho e futuro
Devir, diversidade e espanto
És poesia... história e memória

A profetisa que libera a essência
Do âmago... do agente e vivente
Os ‘eus’ forjadores da humanidade

Acorda... mostra a tua cara!
Proclama o teu encanto!




quarta-feira, 4 de julho de 2012

O castigo...


Como Prometeu acorrentado
Tenho me sentido
Ele foi castigado por Zeus
Por amar os homens

Por amor, o fogo furtou
E o doou à humanidade

Semeou o conhecimento
O deus nunca o perdoou

Acorrentado ficou no rochedo
Com a águia devorando-o
Torturando-o...

Acorrentada me sinto
Meu rochedo é a realidade

Roubei um amor impossível
O coração não reflete
Vive e deseja mais e mais

Também sou castigada
Não deveria ter acontecido
Sou torturada ...

Devora a minh´alma
A ausência deste amor

Mas, sem arrependimentos
Como Prometeu eu prossigo

E nessa torrente da vida
Amo minhas correntes
E o meu próprio castigo...



domingo, 1 de julho de 2012

Viagem no tempo?


Me convidas para viajar
No tempo tipo Proust?

Não, não posso, seria sofrer demais

Minhas lembranças amarelecidas
Zombariam da minha desdita

Tantos sonhos que tornaram-se
Pesadelos ou enormes vazios
Silêncios... e nada mais

E o futuro?

Por que me agradaria
Encarar a ceifeira face a face?

Gosto de estar aqui contigo
Neste belo presente
Que é o tempo real

Sabias que o passado e o futuro
São duas forças opostas
Originadas no infinito
Que convergem e se chocam?

O choque é o presente
Único tempo que existe realmente
Porque é um momento

Um momento permanente

Nós vivemos neste momento
Sem o presente ‘momento’
Não existiríamos

Quando ele passa passamos nós

Esquece esta viagem...