sábado, 8 de junho de 2013

Passeando [ de mãos dadas ] com Van Gogh


 ...e sigo viajando, nas velozes asas do tempo,
 [ pensamentos] que nascem, crescem e morrem
na busca de respostas...  e aventuras.

atravesso as épocas e abraço as estações,
as horas e os instantes  , assim, renascem
exorcizados nesta viagem...

provo frutos nos pomares e colho rosas nos jardins
bebo água nos oásis , mitigo minha sede
neste deserto que [não mais] habita em mim.

... vejo , quase sinto,  todo traçado da história
captando,  neste voejar,  a solidão e o sacrifício
de tantos ‘ gênios’  que deleitam a humanidade

a felicidade,  jamais conheceram...e a glória?
 sim, glória póstuma , muitos  viveram...

...e, nos campos de trigo reencontro Van Gogh
meu querido ... vitima do Incognoscível
que constrói   e  destrói tudo... pobre amigo.

... de mãos dadas , seguimos por trilhas estranhas e
encontramos Zola no,  “café grabois” , batendo  
nos semelhantes... indiferentes.

o genial romancista,  ataca as ideias
que impressionam o impressionismo,
este ,  abstrato,  segue delineando  caminhos

sempre , a arte abstrata se justifica per si.

 Kandinsky   surge com  suas “aquarelas”
manchas de cores justapostas e sua justificação
 estética ... “ Do Espiritual na Arte”.

Mondrian , derramando  cores e [geometria]
busca  a linguagem universal – a matemática,
renova e revoluciona com sua  arte...

Chagall  , se aproxima e com suas cores frias e estridentes
expressa  em linhas quebradas , a tristeza e o horror 
que testemunhou, um mundo em constante insegurança.

 Cézanne, não quis sacrificar seu pincel às finanças,
ignora o chamado do pai  aos negócios da família,
e a perseverança lhe tributa os louros,  com seus

” banhistas, jogadores, paisagens, retratos...”

 Monet, pinta várias vezes a mesma paisagem,
 em horas, estações  e sob luzes diferentes
busca obter novos efeitos a partir do mesmo tema.

Manet ,  o mais impressionista dos impressionistas 
vai traduzir em suas pinturas  o próprio sentimento 
[é visionário ]não  quer só reproduzir a paisagem

seu “Impressão, sol  nascente”  , é revolucionário.

 passamos pela suntuosidade seca e fria do grande Gauguin ,
suas pinceladas com  largos jogos de tons  e sua síntese  -
suas telas oceânicas  muito [ e tudo]  revelam 

a aceitação da vida ( no desejo de viver),
a saudade amarga do amor e da liberdade perdidos ,
 a angústia da certeza do Inescrutável.

 Picasso pinta visões apocalípticas,
o trágico e o burlesco,o sarcasmo e a piedade
a palpitação da vida e a imobilidade da morte

é  genial, se eleva , assim , ao panteão.

Degas,  traz suas  tênues bailarinas
e ao vê-las , até a música escutamos
e um sentir dolente nos consome...

o outro holandês,  com seus peixes- pássaros
 numa metamorfose genial,  do preto e branco
 e nas asas que são guelras,  respiramos.

 passeamos extasiados [de mãos dadas ] entre muitos
que a arte do passado ,  sem remorso, imortaliza
desde  o greco Fidias à controversa “Monalisa

Da Vinci,  Rafael ,  Miguel Ângelo ... vão distante(s).

e,Van Gogh , com seu “Um par de sapatos “, sussurra-me:

foi pintar para acalmar a dor interior que o dilacerava,
 é no domínio sublime da arte que desforra-se
dos reveses que sofrera toda sua vida...

 perdida , eu sigo nos “ Trigais amarelos “ , acaricio os quentes “Girassóis
 e sem estorvo  algum, lemos os “Livros amarelos” , para
 separarmo-nos  no sombrio “Campo de trigo aos corvos

onde , a arma dispara , sem  compaixão

... e, só  assim,  solta-me as mãos , novamente
 lança-me no tempo e no espaço, retorno
 para mim mesma , absorta, sentindo uma inquietante

mui dolorosa,  comoção...









Nenhum comentário: